Ex-governadora Rosinha vira doceira e evita falar de política: ‘Tudo deixa trauma’

A mesa de confeiteiro se destaca na cozinha do apartamento na Praia do Flamengo, Zona Sul do Rio. Os equipamentos são, em sua maioria, cor de rosa, assim como a blusa e o nome da doceira. Há pelo menos dois meses, a ex-governadora do Rio Rosinha Garotinho transformou sua casa para fazer e vender doces sob encomenda, conforme informou a coluna do jornalista Ancelmo Gois, do “O Globo”. O espaço, conta, foi adaptado por ela mesma. Com os bens bloqueados pela Justiça, Rosinha garante que a guinada em sua vida profissional não é motivada simplesmente por necessidade financeira.

— Sempre cozinhei para a família, é uma paixão antiga. Agora se tornou mais que um hobby — diz ela, que se aventura fazendo brigadeiros gourmet e chocotones, mantendo uma produção caseira e simples: — A estante eu tinha, dei uma demão de tinta nela. E isso aqui (pano que faz as vezes de porta de armário) era um pedaço de cortina que cortei e fiz a renda. Alguns potes de ingredientes eu também fiz. Aqui eram dois potes de salsicha, que uma vez encomendei pra fazer cachorro-quente. Eu decorei.

Ela, que já residiu no Palácio Laranjeiras, e recentemente esteve, pela terceira vez, no presídio, aceita de bom grado a comparação com a personagem Maria da Paz, interpretada por Juliana Paes na novela “A dona do pedaço”. Para Rosinha, a palavra é superação. Na ficção, a protagonista também passou um tempo atrás das grades.

— A história da personagem é de superação, por tudo que a Maria da Paz passou. Então, tudo bem ser comparada com a boleira.

Questionada sobre os recentes acontecimentos em sua vida, Rosinha é sucinta:

— Tudo deixa um trauma.

Filiada ao Patriota, a ex-governadora e ex-prefeita de Campos dos Goytacazes, seu curral eleitoral, evita falar de política. Ela conta que sua carreira pública começou de forma natural, “a vida foi levando”, diz. A mulher do também ex-governador do Rio Anthony Garotinho, dá a entender que gostaria de ter trilhado outro caminho no ramo artístico:

— Aprecio o bom teatro, a boa música. Agora, a vida não é só o que a gente quer, né?

Agora, a rotina da ex-governadora se resume a “bater perna”. Ela diz fazer compras na Saara, em redes atacadistas e até mesmo na xepa da feira. E, assim como Maria da Paz, Rosinha diz vender seus doces até na rua.

— No lugar onde eu faço o cabelo, consegui vender 40 brigadeiros — orgulha-se, mostrando sua bandeja para cem docinhos.

Prisões e denúncias de desvio de recursos

O casal de ex-governadores do Rio voltaram ao noticiário no último mês ao serem presos novamente após a Justiça derrubar o habeas corpus expedido pelo desembargador Siro Darlan.

O casal é acusado de superfaturamento em contratos feitos entre a Prefeitura de Campos, no Norte fluminense, e a construtora Odebrecht, para a construção de casas populares durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita.

Foi a quinta vez que Garotinho foi preso e a terceira da sua mulher. Dessa vez, ambos ficaram menos de um dia atrás das grades, já que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes decidiu soltá-los, determinando que cumprissem medidas cautelares — eles entregaram os passaportes, não podem sair do país e estão proibidos de entrar em contato com outros investigados e testemunhas no inquérito.

Pouco depois de terem deixado a prisão, no entanto, Rosinha e Garotinho foram denunciados novamente pelo Ministério Público do Rio, no início deste mês. Nesse processo, eles são acusados de peculato e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, os crimes aconteceram no primeiro semestre de 2006, durante o mandato de Rosinha como governadora do Rio e quando Garotinho era seu secretario de estado. De acordo com o MP, eles desviaram um total de R$ 650 mil para financiar a campanha de Garotinho à Presidência da República, no mesmo ano.

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