Epidemia ignorada: Brasil tem 57,4 mil casos de dengue em um mês
Várias cidades do estado de São Paulo, como Sorocaba, Lorena e Ribeirão Preto, já decretaram epidemia
Os brasileiros, atualmente, estão muito preocupados com o Coronavírus, um novo vírus que ataca o sistema respiratório e se espalhou a partir da região de Wuhan, na China, e foi classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como emergência internacional.
O número de casos confirmados de Covid-19 (Coronavírus), doença provocada pelo novo coronavírus, subiu em todo o mundo. Na Itália, 1.700 diagnósticos foram confirmados, e mortes subiram para 34; idoso australiano que estava a bordo do cruzeiro Diamond Princess morreu.
O número de infecções na China por coronavírus aumentou novamente neste domingo, e a epidemia continua a se espalhar pelo mundo, com as primeiras mortes nos Estados Unidos e na Austrália. A comissão nacional de saúde chinesa anunciou no domingo um saldo diário de 573 novos casos, o maior desde a semana passada.
No Brasil tem 2 casos confirmados no estado de São Paulo. Ambos vieram da Itália. Vírus importado, segundo as autoridades brasileira.
O que muitos brasileiros não sabem é que o Brasil vive uma epidemia de dengue com números bem parecidos. De 29 de dezembro de 2019 a 25 de janeiro deste ano, foram notificados 57.485 casos prováveis (taxa de incidência de 27,35 casos por 100 mil habitantes) de dengue no país. O dado é do último Boletim Epidemiológico, divulgado pelo Ministério da Saúde agora em fevereiro.
O número é levemente superior ao mesmo período do ano passado e quase o triplo do mesmo período de 2018. A situação, que já é preocupante, ainda pode piorar, visto que historicamente o pico da dengue costuma ocorrer no mês de abril, em razão do período chuvoso.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou em entrevista ao El País que “você tem muito mais chance de morrer de dengue no Brasil, hoje, do que de coronavírus”. A pasta que ele comanda confirma nove óbitos pela doença neste ano e contabiliza 41 ainda em investigação.
A quantidade de pessoas que morreram de dengue neste ano pode ser bem maior, conforme dados mais atualizados das secretarias estaduais. O Paraná, sozinho, confirma seis óbitos somente na última semana (entre 4 e 10 de fevereiro) — eles ainda não foram contabilizados no boletim do Ministério da Saúde.
O avanço da dengue tem preocupado gestores municipais, que pedem ao Governo federal e à população que não reduzam a atenção ao enfrentamento do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, diante do pânico que tem sido gerado com a expansão do coronavírus no mundo.
O avanço de casos de dengue é comum no início do ano por conta das chuvas, que aumentaram nas últimas semanas. A diferença deste momento é que o país vive um novo surto da doença, algo que historicamente acontece entre dois e três anos por conta da recirculação de novos tipos de vírus, segundo especialistas.
Os Estados do Acre, do Mato Grosso do Sul e do Paraná são os que têm apresentado maior incidência proporcional da doença. Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, esses são os três estados que superaram 100 casos por 100.000 habitantes no país. Desde o início do ano, a pasta vem alertando para a possibilidade de surto em 13 estados.
São Paulo concentra um terço dos casos prováveis de dengue do país em números absolutos. O Estado confirmou 10.890 casos em janeiro, enquanto o Ministério da Saúde contabiliza 18.658 casos prováveis. Várias cidades do estado, como Sorocaba, Lorena e Ribeirão Preto, já decretaram epidemia.
Os principais cuidados para evitar a doença são impedir a formação de poças em casa e limpar reservatórios de água. Além disso, é recomendável que, ao visitar locais de mata, faça-se uso de repelente.