Corpos e sobreviventes são resgatados após barco com mais de 100 afundar na costa da Itália
Ao menos 58 pessoas, incluindo um bebê, morreram depois que um barco que carregava migrantes afundou no mar agitado do sul da Itália.
A embarcação teria se partido ao tentar atracar com mais de 150 pessoas a bordo perto da cidade costeira de Crotone, na região da Calábria.
Muitos corpos foram recuperados da praia em um resort à beira-mar próximo. Sobreviventes também foram resgatados.
Um grande número de pessoas fugindo de conflitos e da pobreza faz a travessia da África para a Itália todos os anos.
Mais cedo, a Guarda Costeira disse que 80 pessoas haviam sido resgatadas com vida, “incluindo algumas que conseguiram chegar à costa após o naufrágio”.
Manuela Curra, funcionária do governo local, disse à agência de notícias Reuters que o barco havia deixado a cidade costeira turca de Izmir três ou quatro dias antes.
As pessoas a bordo eram principalmente do Afeganistão, Paquistão, Somália e Irã, segundo autoridades italianas, e o presidente Sergio Mattarella disse que muitos estavam fugindo de “condições muito difíceis”.
Um sobrevivente foi preso por acusações de tráfico de migrantes, informou a polícia aduaneira.
O navio afundou depois de bater contra rochas durante o mau tempo, disse a agência de notícias.
As autoridades italianas montaram uma grande operação de busca e resgate em terra e no mar.
Vídeos e fotos mostram os destroços de maderia despedaçados na praia, junto com partes do casco do barco.
Os sobreviventes foram fotografados tentando se esquentar com cobertores, atendidos por trabalhadores da Cruz Vermelha. Alguns foram levados ao hospital.
Houve desembarques, mas nunca uma tragédia como esta”, disse o prefeito de Cruto, Antonio Ceraso, ao Rai News.
A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni – eleita no ano passado em parte com a promessa de conter o fluxo de migrantes para a Itália – expressou “profunda tristeza” pelo incidente, culpando os traficantes pelas mortes.
“É desumano trocar a vida de homens, mulheres e crianças pelo preço da ‘passagem’ que pagaram na falsa perspectiva de uma viagem segura”, disse ela em comunicado.
“O governo está empenhado em impedir as saídas e, com elas, o desenrolar dessas tragédias, e continuará a fazê-lo.”
Carlo Calenda, ex-ministro da Economia da Itália, disse que as pessoas em dificuldade no mar devem ser resgatadas “custe o que custar”, mas acrescentou que “as rotas ilegais de imigração devem ser fechadas”.
O governo de direita de Meloni prometeu impedir que os migrantes cheguem à costa da Itália e, nos últimos dias, aprovou uma nova lei que torna mais rígidas as regras para resgates.
De acordo com grupos de monitoramento, mais de 20.000 pessoas morreram ou desapareceram na região central do mar Mediterrâneo desde 2014.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, disse estar “profundamente triste” com o incidente, acrescentando que “a perda de vidas de migrantes inocentes é uma tragédia”.
Ela disse que é crucial “redobrar nossos esforços” para progredir na reforma das regras de asilo da UE para enfrentar os desafios relacionados à migração para a Europa.
O papa Francisco, que frequentemente defende os direitos dos migrantes, disse que está rezando pelos mortos, pelos desaparecidos e pelos que sobreviveram.
Fonte:BBC NEWS BRASIL