Eu vou morrer em breve’: o grito de desespero dos haitianos contra a onda de violência no país

princípio, tudo parece uma simples publicação de redes sociais. Na imagem, uma jovem com os dedos fazendo sinal de V segura um cartaz diante de uma mata: “Eu moro no Haiti. Eu vou morrer em breve”. A mensagem chocante é um grito de alerta contra a violência que se espalha pela capital do país.

Com sua publicação, a jornalista Cyndie Régis lançou uma campanha nas redes sociais com a hashtag #voumorrerembreve para chamar a atenção internacional para a situação caótica de insegurança que vive Porto Príncipe. Os confrontos entre gangues, assassinatos e sequestros viraram parte do cotidiano dos moradores desta capital.

“A situação está ficando fora de controle e não podemos viver normalmente”, explica a jovem. “Eu não consigo mais viver, quero dizer, não consigo sair, me divertir e, principalmente, ter tempo livre, não existe mais isso. E o estresse mata. Não temos segurança e até mesmo a polícia está perdida”, afirma.

Há anos, o país caribenho enfrenta uma profunda crise econômica, de segurança e política, com as quadrilhas controlando mais da metade do território nacional. O número de homicídios subiu de 1.141, em 2019, para 2.183, em 2022, e o de sequestros de 78 para 1.359. Só nos primeiros três meses deste ano, houve 531 assassinatos no país, de acordo com a ONU.

Eu só quero viver”

A campanha lançada por Régis é também uma forma dos jovens haitianos dizerem que não querem ser obrigados a deixarem o seu país, como milhares fazem anualmente.

“Fui à escola no Haiti, fui à universidade no Haiti. Eu não tenho que ser obrigada a deixar o meu país. Eu só quero viver e não há lugar onde você se sinta melhor do que em seu país”, diz.

A esperança da jovem é que o apelo produza efeito nas autoridades e a vida possa voltar ao normal.

Somente nas duas primeiras semanas de março, os confrontos de quadrilha deixaram pelo menos 208 mortos, 164 feridos e 101 sequestrados, segundo a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Marta Hurtado.

“A maioria das vítimas foi morta ou ferida por criminosos que atiraram aleatoriamente em pessoas, em suas casas ou na rua”, afirma Hurtado

Fonte:g1

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