IBGE se une a órgãos públicos e sociedade civil para concluir Censo

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) faz primeiro teste preparatório do Censo Demográfico 2022, na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro.

 Agência Brasil

A prefeitura do Rio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Data Favela e a Central Única das Favelas (Cufa) trabalham em parceria para finalizar o Censo Demográfico 2022 nas favelas cariocas. Neste sábado (25), equipes desses órgãos participam na comunidade da Rocinha, na zona sul, e no Complexo da Penha, na zona norte, da ação Favela no Mapa para incentivar a população a responder à pesquisa e esclarecer dúvidas sobre o processo, que está na fase final da coleta de dados.

O Instituto Pereira

Passos, órgão da prefeitura, tem parceria antiga com o IBGE em comunidades do Rio. “Com nossa experiência em programas como Territórios Sociais, que atuam diariamente nessas localidades, formamos recenseadores comunitários especializados no território carioca. Também podemos apoiar o IBGE com uma rede de conhecimentos locais institucionais muito potentes”, diz o presidente do Instituto Pereira Passos, Carlos Krykhtine.

 

Para o presidente do IBGE, Cimar Azeredo, “a ação conjunta é demonstração de que o instituto não mede esforços nem recursos em busca de parcerias públicas ou privadas capazes de somar para o Censo, o Brasil, os brasileiros. Estamos fazendo um trabalho inédito na história dos censos, em que pesem todos os desafios e dificuldades que enfrentamos e que não nos fizeram recuar”, afirma.

Na zona norte, a ação ocorre desde as 10h, na Praça São Lucas, no Complexo da Penha. Na zona sul, é possível encontrar o estande na Saída B do metrô de São Conrado, próximo à Rocinha. “Os dados do censo são fundamentais e funcionam como indicadores para direcionar políticas públicas e balizar a tomada de decisão dos gestores. Por isso é tão importante que todos os domicílios da Rocinha façam parte do cadastramento e estamos nessa força tarefa para mobilizar toda a população”, explica o subprefeito da zona sul, Flávio Valle.

A parceria com a Cufa Brasil e o Data Favela ajudará a abrir portas para o Censo, na missão de avançar com a coleta de dados nas comunidades de todo o país. Nesses locais, além de ausência e recusa, há outros problemas como a omissão de domicílios (de fundos ou na laje) e dificuldades de acesso e circulação.

“A iniciativa garante a visibilidade das comunidades. O Censo, como a principal pesquisa do Brasil, é fundamental para políticas públicas baseadas em evidências. Com a parceria Favela no Mapa, ganha a sociedade, ganha a economia, ganha o Brasil”, afirma Renato Meirelles, fundador do Data Favela.

Depois de adiado por dois anos devido à pandemia de covid-19 e à falta de verba, o Censo de 2022 já ouviu 91% dos domicílios brasileiros, mas o desafio é concluir a coleta de dados a tempo de iniciar a divulgação prevista para abril ou maio. Segundo levantamento do Data Favela, um contingente entre 16 milhões e 18 milhões de brasileiros, que equivaleria ao terceiro ou quarto estado do país, mora em favelas e comunidades e que nem sempre são acessíveis aos recenseadores.

Com a atuação de uma ampla rede de lideranças da Cufa e do Data Favela, o IBGE vai ampliar o acesso a uma população que, muitas vezes, não é facilmente acessada pelos agentes do IBGE. – seja pelo fato de a maior parte dos habitantes dessas comunidades passar grande parte do dia trabalhando fora, pelas dificuldades em encontrar domicílios devido à densidade de moradias e à ausência de endereçamento ou ainda pelos recenseadores serem recebidos por pessoas que, algumas vezes, preferem não prestar informações.

A presidente da Cufa, Kalyne Lima, disse que agora as portas das comunidades serão abertas pela rede de lideranças e ativistas sociais, que vivem, de dentro, a realidade desses lugares. “A Cufa está em quase todas as favelas do Brasil e entendemos que essa parceria é fundamental para facilitar o acesso do IBGE e conferir visibilidade às informações relativas aos moradores, inserindo-os, de fato, no mapa do Brasil para construções de futuras políticas públicas  voltadas para a territórios”.

Além das ações do fim de semana, a prefeitura do Rio também está atuando no trabalho diário do Censo 2022. O Instituto Pereira Passos disponibilizou agentes do programa municipal Territórios Sociais, moradores dessas comunidades, para auxiliarem na busca. O principal objetivo é encontrar pessoas que estavam ausentes no momento da primeira visita ou que se recusaram a responder o questionário. Ex-agentes municipais do programa, com experiência em pesquisas domiciliares nos dez maiores complexos de favelas da cidade, foram contratados pelo IBGE como recenseadores.

Styllo Class, ao lado do Bradesco em Candeias.

 

A Secretaria de Políticas e Promoção da Mulher participa da ação, ajudando na divulgação das informações a partir do contato com as lideranças comunitárias e afixando os materiais do IBGE nos equipamentos das Salas Mulher Cidadã e das casas da Mulher Carioca. A equipe do projeto Pacto pela Juventude, da Secretaria Especial da Juventude Carioca, vai mobilizar os jovens dos núcleos Rocinha e Maré para sensibilizar a população sobre a importância do Censo.

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