Entenda impactos do abuso e exploração sexual em crianças e adolescentes; psicóloga explica sobre acolhimento de vítimas

Comercializar fotos íntimas ou trocar sexo por presentes são alguns dos atos que configuram o crime de exploração sexual. Nesta quinta-feira (18), dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o g1 conversou com a psicóloga Thaís Machado sobre os impactos que essas violências têm nas vidas das vítimas e os sinais que elas normalmente demonstram.

Em 2022, foram registrados mais de 3 mil casos de estupro de vulnerável na Bahia, um número 64% maior do que o contabilizado em 2021, conforme foi informado pela Polícia Civil. Dentro desse compilado, podem haver casos de exploração sexual, que não foram especificados.

Número de casos de estupro de vulnerável na Bahia

Ano Número de casos
2019 2214
2020 1999
2021 1942
2022 3201

polícia associa o aumento de registros a mudança na forma que eles passaram a ser contabilizados em 2022 – diretamente a partir do boletim de ocorrência – e as ações investigativas contra esse tipo de crime na Bahia.

g1 também solicitou os dados das cidades com mais registros desses tipos de crimes na Bahia e o número de casos em Salvador, mas não teve resposta. As informações referentes ao ano de 2023 também foram pedidas.

Além de falar sobre os crimes e acolhimento às vítimas, Thaís Machado, psicóloga membro da Comissão Regional de Psicologia na Assistência Social (COREPAS), explicou sobre a diferença entre abuso e exploração sexual.

Thaís Machado ainda falou que cada criança ou adolescente vai lidar com o trauma de forma diferente. Podem haver casos de stress pós traumático, depressão, transtorno de ansiedade, distúrbios alimentares, entre outros.

“”É possível afirmar que o abuso e a exploração comprometem o desenvolvimento da criança. Com certeza vão gerar problemas emocionais e de socialização na vítima, inclusive ao longo da vida adulta”, explicou.

A psicóloga afirmou que os crimes abuso sexual afetam principalmente a visão que a criança tem de confiança, já que na maioria das vezes o agressor é uma pessoa próxima da vítima, como tio, padrasto ou até mesmo o pai, pessoas que, em teoria, deveriam protegê-la.

forma que o adulto responsável lida com a situação também interfere totalmente no bem estar da criança ou do adolescente. Escutar e acreditar na vítima é o primeiro passo para que ela se sinta acolhida.

“O que vai fazer toda diferença é que essa criança seja ouvida e acolhida sem nenhum julgamento. O sentimento da criança é confuso, ela muitas vezes não entende que foi violentada”, explicou.

psicóloga também frisou a importância da denuncia à polícia. Em Salvador, esse tipo de registro pode ser feito na Delegacia de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente (Dercca), localizada no bairro de Brotas. Por lei, a oitiva da criança, ou seja, o seu depoimento, dever ser ouvido na presença de profissionais especializados, para que ela não haja uma nova violência.

Sinais

Assim como os impactos, os sinais demonstrados pela criança ou pelo adolescente variam. Porém, segundo Thaís Machado, alguns comportamentos são comuns e podem servir como um alerta para pais e responsáveis.

  • Mudança repentina de comportamentos e hábitos: alterações de humor, agressividade, pânico e medo. Também é importante perceber se mudança de comportamento está associado a alguma pessoa específica.
  • Alterações de sono: insônia e incidência de pesadelos, por exemplo.
  • Falta de concentração
  • Aparência mais descuidada
  • Problemas de saúde: vômitos, doenças com fundo psicológico, como doenças de pele, infecções sexualmente transmissíveis.

Apesar de ocorrerem em casos de abuso sexual, apenas esses comportamentos são insuficientes para provar que o adolescente ou a criança estão sendo vítimas de um crime. Segundo a psicóloga, é preciso avaliar cada caso com atenção.

 

Diferenças entre os crimes

 

O abuso sexual de vulnerável acontece quando o agressor estupra ou comete atos libidinosos contra a criança ou o adolescente. Não é necessário haver penetração para configurar o crime, e por isso atos de masturbação ou sexo oral também são considerados abuso sexual.

Segundo a psicóloga Thaís Machado, uma característica bastante comum dos crimes de abuso sexual é a identidade do agressor. Normalmente, ele é uma pessoa que está inserida no cotidiano da criança ou do adolescente.

 

” O abusador normalmente é uma pessoa próxima, como padrasto, tio ou amigo da família. Ele primeiro se aproxima, dá presentes, ganha a confiança da criança e depois comete os abusos”, contou.

Já nos casos de exploração sexual o corpo da criança ou do adolescente é utilizado como moeda de troca ou como forma de comercialização.

“É um tipo de violência que normalmente envolve uma rede de pessoas interessadas nesse lucro e nesse comércio”, disse.

Ainda segundo a psicóloga, os casos de exploração sexual de menores são mais insidentes em regiões turísticas

Fonte:g1

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