Menina sem nome’: inteligência artificial mostra como seria aparência aos 61 anos de criança morta em 1970
Uma criança que foi cruelmente assassinada no ano de 1970 permanece até hoje sem identidade no Recife. Usando inteligência artificial, o Departamento de Arte da TV Globo reproduziu como seria o rosto da menina em 2023, quando ela completaria 61 anos.
Menina sem nome’: inteligência
O mistério, que completa 53 anos em junho de 2023, foi acompanhado por dois meses pela repórter Mônica Silveira, que mergulhou fundo na história e teve acesso aos documentos que revelam informações pouco conhecidas.
A jovem foi enterrada como indigente e, no cemitério onde está enterrada, a sua sepultura é a mais visitada. Uma menina que ninguém sabe quem foi ou como viveu e que, ainda assim, para alguns, é considerada uma santa. Diariamente os devotos aparecem pra depositar doces, brinquedos e até lembranças.
Segundo Jeyzon Valeriano, do Instituto de Genética Forense da Polícia Civil de Pernambuco, caso houvesse a identificação de um parente direto, poderia ser feito o trabalho de exumação para confirmar a identificação da menina. Na época do crime, no entanto, o cadáver passou 11 dias no Instituto de Medicina Legal e, apesar das buscas e dos apelos dos policiais para que algum parente se identificasse, não apareceu ninguém
devoção à ‘Menina Sem Nome’ começou logo após a sua morte, mas a santa popular não é reconhecida pela Igreja Católica. A Arquediocese de Olinda e Recife informou, por nota, que nunca nenhum processo de beatificação foi aberto e que, para que isso fosse possível, seria necessário conhecer a identidade do candidato a ser declarado bem-aventurado ou santo, o que não é o caso.
criança
O Fantástico mostra a história de um crime que aconteceu na Praia do Pina, há mais de meio século, em que a polícia prendeu culpados, mas nunca descobriu a identidade da vítima. Por isso, até hoje ela é conhecida como a “menina sem nome”. Nesses anos todos, muito se especulou sobre as circunstâncias da morte dela, sem que ninguém tivesse certezas.
As investigações apontaram uma comunidade, na Zona Sul do Recife, como um lugar onde ela poderia ter vivido. Lili morava numa rua paralela à praia na época do crime e presenciou uma cena que ainda a atormenta.
“Imagem mais forte que eu guardei foi ela com o rosto enfiado na areia e as mãos amarradas, como se tivessem matado ela sufocada. Nessa época eu devia ter meus 12 pra 13 anos”, conta Lili.
O crime e o que aconteceu
Cinquenta e três anos depois do assassinato da criança, documentos inéditos esclarecem o que de fato aconteceu – é um relatório elaborado por uma equipe do Instituto de Polícia Técnica Local, que, no dia 23 de junho de 1970, foi à Praia do Pina fazer a análise da cena do crime e coletar vestígios que levassem ao assassino.
O Fantástico localizou a perita que assinou o documento. “Tinha uma corda com três voltas no pescoço. Ela estava amarrada com as mãos para trás”, diz Maria Teresa Moreita de Paiva.
A equipe coletou sandálias de borracha – que não formavam pares, um lenço, um cinto, uma camisa rasgada. No Instituto de Medicina Legal, os legistas identificaram uma menina negra, de oito anos de idade, cabelos alisados e biquíni azul claro. Não encontraram arma nenhuma, mas ferimentos, sim.
A causa da morte foi asfixia e aspiração de grãos de areia da praia. Os exames também atestaram que não houve violação sexual.
Um vendedor de cocos, que trabalhava perto de onde o corpo foi encontrado, acabou preso, interrogado, mas negou o crime. Quatro dias depois do assassinato, outro suspeito foi apontado: Geraldo Magno de Oliveira, um morador de rua, sem emprego fixo. Ele inicialmente confessou o assassinato, mas em seguida voltou atrás.
Diante do juiz que o interrogou por mais de uma hora, Geraldo negou o crime. Contou que tinha confessado à polícia por causa das sevícias – ou seja, torturas às quais teria sido submetido e que haviam esmagado seus órgãos genitais.
Geraldo Magno teve a prisão preventiva decretada uma semana depois da sua confissão. Nesse mesmo dia, o corpo da menina foi enterrado. O cadáver passou 11 dias no Instituto de Medicina Legal e, apesar das buscas e dos apelos dos policiais para que algum parente se identificasse, não apareceu ninguém
Fonte:g1