Morre Maryse Condé, grande voz negra da literatura francófona, aos 90 anos
Morreu na madrugada desta terça-feira (2), a escritora Maryse Condé, considerada a grande voz negra da literatura francófona. Autora de livros como “A árvore da vida” (1987) e “O último dos reis africanos” (1994), ela tinha 90 anos. A notícia foi dada por seu marido, Richard Philcox, à AFP, sem revelar a causa da morte.
Maryse já havia sofrido um acidente vascular cerebral e tinha uma doença neurológica que a obrigou a ditar o seu último romance: “O Evangelho do Novo Mundo”. Nascida em Pointe-à-Pitre, em fevereiro de 1934, ela abordou em sua longa obra temas como África, a escravidão, o colonialismo, a diáspora e as múltiplas identidades negras.
Vencedora do New Academy Prize de 2018, uma espécie de Nobel alternativo, teve seu nome cotado diversas vezes para o Prêmio Nobel de Literatura de fato, mas nunca chegou a ganhar.
Era muito conhecida nos Estados Unidos, onde viveu por 20 anos em Nova York. Ali, inaugurou e dirigiu um centro de estudos francófonos na Universidade de Columbia. “Sempre trabalhei com ela em diferentes editoras e admirava profundamente sua influência, sua coragem. Inspirou muitos escritores a iniciar uma carreira”, declarou à AFP seu editor, Laurent Laffont.
Curiosamente, ela só começou a escrever aos 42 anos, após 12 anos de dificuldades, e conseguiu também graças a Richard Philcox, que se tornou seu tradutor. Estreou em 1976, com “Heremakhonon”, livro onde expunha as misérias da vida na Guiné e que chegou a ser retirado de circulação pela virulência da abordagem.
Fonte: METRO1